Creative Commons, Gestão do Conhecimento e como eu decidi compartilhar tudo o que aprendo

Pra quem não sabe, todo o conteúdo deste blog – e de tudo o que eu escrevo, fotografo e gravo em todas as minhas redes sociais digitais – está sob licença Creative Commons – Atribuição. Ou seja, todo o conteúdo que eu produzo pode ser distribuído, copiado e utilizado, inclusive para fins comerciais, desde que me seja dado o devido crédito em todos os meios de divulgação. Para alguns, isso pode parecer um total desapego ao que eu produzo. E é.

Demorou, mas eu entendi que uma das coisas que mais me faziam feliz era compartilhar o meu conhecimento. Conhecimento só é poder se for compartilhado. Qual o poder que eu quero? Quero ser reconhecida pelo que produzo, ser referência.  E o quê este poder pode me dar? Um bom emprego, trabalhar com o que eu gosto, alimentar meu ego, enfim. Pode parecer mesquinho de minha parte, dar algo em troca apenas para receber, mas é assim que funciona. Sem hipocrisia.

Aprendi a praticar o desapego nas aulas de Gestão do Conhecimento, quando debatemos sobre como gerenciar algo que está na cabeça das pessoas, e não tem como ser estocado, vendido ou emprestado. Não entra na declaração de patrimônio da empresa, mas é algo que elas cada vez mais buscam. Apenas há pouco tempo algumas empresas brasileiras vêm prestando atenção nisso: de como seus funcionários acumulam informações ao longo de seus anos de trabalho e, quando vão embora, é aquele deus-nos-acuda para substituí-lo, pois nenhum outro está capacitado para assumir suas funções. Numa empresa bem orientada para tal, este funcionário não deveria deter todo o conhecimento sozinho, ele deveria compartilhar seu saber com outros ou, no mínimo, deixar uma mémória sobre o seu trabalho, orientando novos funcionários. [não vou entrar muito na Gestão do Conhecimento neste post  porque é um assunto muito amplo. Prometo dissertar mais sobre em outros posts].

Pensando nisso tudo, percebi que não deixava uma memória das coisas que eu sei. Que se eu morresse amanhã, nada do que eu sei poderia ser compartilhado com alguém. E como já disse anteriormente, uma das coisas que eu mais gosto é de compartilhar conhecimento. E de quê adiantaria se meu conteúdo contivesse normas que o impedissem de ser difundido por aí? Por isso, qualquer um que quiser utilizar algum conteúdo meu para qualquer fim, inclusive comercial, pode fazê-lo, desde que cite a fonte.

O homem produz e divulga seu conhecimento desde sempre: ainda hoje vemos inscrições em cavernas, provavelmente algum guia do homem pré-histórico sobre caçadas e coisas do seu cotidiano. Os sumérios e a “invenção” da escrita, a utilização de pergaminhos, tábuas de pedra, madeira e barro, que ainda conservam registros antigos mesmo depois de milênios. A invenção do papel, da prensa de Gutenberg, do rádio, da TV, da internet…  Muitas foram as evoluções dos meios de comunicação, que por consequência são os meios que armazenamos todo o conhecimento que produzimos.

Eu escolhi um bloguezinho humilde, sem domínio e um layout decentes ainda, mas com capacidade de ser encontrado pelos buscadores e ajudar aquele carinha lá longe a tirar uma dúvida sobre search engine marketing. E neste dia, tudo terá valido a pena [bonito isso, não?]. Não sei se isso só acontece comigo, mas sempre que escrevo sinto que estou aprendendo mais. É como se aquele tanto de dados e informações (sim, porque uma coisa, é uma coisa, e outra coisa é outra coisa) que estão na minha cabeça se organizasse e tcha-nan! O conhecimento se fez em algumas palavras.

E você, como está compartilhando seu conteúdo?

Um pouco mais sobre CC

Conheci o Creative Commons ainda na faculdade, quando estudava algumas coisas sobre direito autoral na internet. Na época o Gilberto Gil era ministro da Cultura, e foi um dos caras quem mais apoiou o Creative Commons, o software livre e outras iniciativas semelhantes.

Didaticamente, o Creative Commons é um modelo de gestão autoral, presente em mais de 40 países, que permite que autores e criadores de conteúdo, como músicos, cineastas, escritores, fotógrafos, blogueiros, jornalistas e etc, possam permitir alguns usos dos seus trabalhos por parte da sociedade.

Você pode escolher algumas licenças para escolher, e você tem uma breve descrição delas neste link aqui, ó. E você pode saber  mais sobre o Creative Commons no site do projeto.

8 comentários
  1. Ótimo texto, Janaina! Obrigada por partilhar conhecimento! =) Também tenho essa intenção com meu blog, pena que não tenho conseguido me dedicar a ele como gostaria. Um abraço!

    • Oi Verônica, quase ninguém consegue dedicar o tempo que gostaria… Mas continue tentando, é um exercício sensacional para o conhecimento :)

  2. Pode falar que você aprendeu um pouco de desapego comigo que eu deixo… hahahaha

    Massa demais Jana. Sempre fui adepto à filosofia “open source”.. Nunca quis deter nenhum conhecimento só para mim. Muitas pessoas me questionam e ainda me tiram de otário quando eu falo que não tenho apego a nada do que sei.

    Para quem acha que compartilhar conhecimento é uma desvantagem competitiva, no meu ponto de vista, a partir do momento que uma pessoa disponibiliza uma informação de qualidade, ela é a dominadora daquele assunto e a pessoa que pegar aquele conteúdo a partir de onde foi disponibilizado, sempre estará um passo atrás de quem o lançou.

    Compartilhar gera debate, compartilhar gera comunidade e a comunidade é forte. A internet não seria o que é hoje se não fosse o compartilhamento da informação.

    E eu sou a favor da pirataria! Na verdade não a favor do ato de piratear (apesar de estar cheio de MP3), mas contra antiquado o modelo de copyright utilizado até hoje e que não foi adaptado para a realidade da internet.

    CC na veia

    • Hahaha… É, aprendi muita coisa com você sim. Digamos que, neste caso, você foi uma inspiração rs…
      E é triste hoje ver que o Ministério da Cultura faz um retrocesso ao retirar a licença Creative Commons dos sites do Ministério e dizer que precisa rever a posição quanto a este tipo de licença. Corta o coração, mas eu continuarei a seguir os preceitos do conteúdo livre :)

      • É claro que o Ministério da Cultura é uma referência a artistas, músicos, escritores, blogueiros, etc, mas o que eu aprendi é que foda-se as instituições.

        Na maior parte das vezes as instituições, por maiores que sejam, agem para o benefício de uma minoria bem minoriazinha mesmo.

        A iluminação e consciência é individual e só de você estar divulgando e compartihando o conhecimento sobre compartilhar, já tá na frente do Ministério e de quem quer que copirightize seus materiais.

  3. Cleon disse:

    Parabéns, Janaina, pelo texto! Simples e direto como deve ser um texto de Internet.
    Isto é fazer Gestão do Conhecimento na prática. Estou pensando em utilizar parte dele, citando a fonte, é claro, nas palestras que faço sobre GC.

    Cleon
    Pensando GC o tempo todo
    http://twitter.com/cleonespinozahttp://cleonespinoza.mp/

    • Oi Cleon, use e abuse de tudo que está aí… rs
      Em outros posts pretendo abordar mais sobre GC. Confesso que me apaixonei pela matéria no MBA e passei a estudar mais. Vamos trocando figurinhas sobre depois, heim?

  4. Muito bom!! =D Tanto o texto quanto a mensagem. Também me envolvi com GC, já faz um tempo, e não consegui mais sair. rsrs Tudo o que fiz profissionalmente, desde então, teve uma pitada (ou várias) de gestão do conhecimento. Agora, trabalhando com educação e desenvolvimento de pessoas, mais ainda! No entanto, apesar de ser uma ótima ideia, não uso meu blog pra fazer isso, em contexto mais pessoal, como você. (Aliás meu blog está paradaço…) Mas tenho feito isso, em doses homeopáticas, usando o Facebook. Tá certo que é uma maneira um pouco mais efêmera, mas potencializa essa multiplicação de ideias de maneira, no mínimo, mais aberta e visível que em um blog. Parabéns! =D

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